quinta-feira, 10 de maio de 2012

PESQUE E SOLTE, CATCH & RELEASE ou NO-KILL... E DEPOIS?!


Estudos sobre a prática do “Pesque e Solte”


Estudo 1: E depois da soltura?

1 / Estudo realizado por Norbert Morillas e Sylvain Richard* na França, publicado na revista Pêches sportives n°40, em septembre de 2002.

O que acontece com os peixes soltos pelo pescador?


As consequências da captura com linha estão relacionadas a três fenômenos: os efeitos ocasionados pelo combate e a manipulação, os ferimentos causados pelas garateias e os problemas ligados a uma despressurização muito rápida.  

Efeito fisiológico do combate

O combate corresponde para o peixe a uma atividade muscular intensa, tendo por consequência a rápida aparição de mecanismos anaeróbios (a energia não tem mais origem, como numa situação normal, nos fenômenos ligados ao uso do oxigênio). Estes mecanismos provocam então a produção de ácido lático, como durante a primeira fase de esforço para um esportista que não se aqueceu o suficiente antes da atividade física. Esta produção de ácido lático diminui a capacidade do sangue de transportar o oxigênio, o que resulta em dificuldades respiratórias para o peixe. Essas dificuldades não aparecem obrigatoriamente logo na soltura do animal e podem surgir de 2 até 8 horas depois do combate, para algumas espécies.

O estresse ligado à captura e às manipulações do peixe pode também provocar uma diminuição da taxa de linfócitos no sangue (ou glábulos brancos, células encarregadas da desefa imunitária).
Esse fenômeno resulta numa maior sensibilidade às doenças, sobretudo em águas infestadas por germes patógenos, ainda mais se a água for quente.

Os efeitos do estresse levariam 3 dias para desaparecer totalmente, conforme esses estudos.

Ferimentos ocasionados pelas garateias

A importância dos ferimentos depende estritamente da modalidade de pesca. O fator mortalidade é, neste caso, assimilado a uma única causa: a ruptura dos veios sanguínios da boca, das brânquias ou órgãos vitais internos (coração, fígado...) dos peixes. A mortalidade é, sobretudo, atribuída à profundidade que vai atingir a garateia (ou anzol!) na boca do peixe, que provoca lesões mais graves, conforme a profundidade.

Efeito de decompressão

O efeito é causado por tirar brutalmente o peixe de grandes profundidades, que sofre importantes diferenças de pressão, o que pode ter consequências mortais. Os resultados deste efeito ainda permanecem pouco conhecidos. Mas o que se sabe é que esse fenômeno varia em função da espécie.

Taxa de sobrevivência

Uma síntese de diversos estudos empreendidos sobre os salmídeos nos Estados-Unidos resulta globalmente nos resultados seguintes:

- A pesca com iscas artificiais permite uma taxa de sobrevivência, depois da soltura, de quase 95%, sem diferenças significativas entre os tipos de iscas.

- A pesca com isca natural resulta em taxas de mortalidade 10 vezes superiores às pescas com isca artificial; A mortalidade atinge então 50%. Em caso de enrosco profundo do anzol, o fato de cortar o fio rente à boca permite aumentar a taxa de sobrevivência de 20%.

- As iscas do tipo fly (ou mosca) têm taxas de mortalidade muito ligeiramente inferiores às outras iscas artificiais, sem que essa diferença seja significativa (4% contra 6% em média).

- O uso de garateias sem farpas não é determinante para reduzir os efeitos dos ferimentos. No entanto, a retirada da garateia é facilitada o que permite soltar o peixe mais rapidamente, reduzindo o estresse do animal.

Outros fatores influenciam também as taxas de mortalidade: tamanho e tipo de anzol/garateia, temperatura da água, condições de manipulação, etc.

Observem que esses resultados subestimam as taxas reais de sobrevivência. Esses experimentos são realizados em tanques, após a captura de peixes (selvagens ou domésticos), o que constitui um fator negativo aumentando artificialmente a mortalidade em relação às condições de pesca na natureza.

De fato, outro estudo realizado no rio Yellowstone, nos Estados-Unidos, revela uma taxa de mortalidade bem menor: 0,3% de mortalidade; esse resultado se explica também pela regulamentação (pesca unicamente com isca artificial) e a resistência da truta Cutthroat.

Essas informações permitem tranquilizar os pescadores esportivos sobre o futuro do peixe na prática do “pesque e solte”. Assim, é preciso manipular e soltar o peixe adequadamente e limitar ao máximo o tempo de manipulação do peixe fora d’água.

*Sylvain Richard et Norbert Morillas possuem diplomas do laboratório de hidrobiologia da faculdade de Besançon, na França.

Tradução e adaptação do artigo “Catch & Release, no-kill, et après...” publicado no site: www.moucheur.com/mortaliten.html

Equipe Poseidon.






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