segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A TECNOLOGIA DAS ISCAS POSEIDON


Capítulo 5 – SOBRE AS CORES DAS ISCAS ARTIFICIAIS

A escolha de uma isca artificial depende de vários fatores tais como o tipo, tamanho, nado, barbela, cor, peso ou forma (shape). Escolher a cor de uma isca é sem dúvida uma das maiores dificuldades que o pescador enfrentará. Não entender a importância das cores para a pesca esportiva é um erro gravíssimo.

Preconceitos sobre as cores

Existem estudos sobre a visão do peixe e o efeito das cores sobre ele, mas não dispomos de dados absolutos sobre o que o peixe vê realmente. Sabemos, por exemplo, que algumas espécies têm a capacidade de enxergar a luz UV (ultravioleta), por sua visão não funcionar como a do ser humano. Percebemos também que o peixe, em relação ao homem, é mais sensível aos contrastes e ao movimento do que aos detalhes.
Muitas ideias pré-concebidas ainda existem sobre as cores ou os modelos de iscas. Na verdade, é difícil saber diferenciar quando a cor ou o modelo da isca não funciona, de quando o peixe está manhoso ou as condições estão desfavoráveis àquela isca. Para alguns, basta usar uma isca numa única pescaria e que não fisgue nada com ela, para que esta seja considerada ineficiente e seja abandonada no fundo da caixa de tralhas. Por outro lado, muitos pescadores dizem possuir uma “isca milagrosa”, que se torna a preferida, ótima em todas as circunstâncias. Mas essa isca preferida pode não funcionar nas mesmas condições do que a abandonada. Por outro lado, existem situações de pesca muito diferentes e as condições podem mudar, necessitando alterações de estratégias e técnicas.
Assim, todo pescador deve se interrogar da seguinte forma: Aquela isca abandonada foi trabalhada adequadamente? Atingia a profundidade na qual poderia estar o predador? Era adequada às condições de pesca?
Mesmo assim, alguns pescadores têm “sua isca preferida” e não acreditam em determinados modelos, apesar de terem sido criadas para condições específicas de pesca e terem sido testadas ou desenvolvidas por pescadores profissionais.
É uma tendência humana, mas nada que a paixão pela pesca esportiva não supere.

Dúvidas e certezas sobre a escolha da cor

Nesse contexto, é primordial questionar, o tempo todo, suas práticas e permanecer aberto às novas tecnologias. A experiência não se adquire apenas com o passar do tempo e uma grande quantidade de pescarias, é preciso pensar as suas técnicas, refletir, testar, tentar, mudar, se adaptar e, sobretudo, ter a mente aberta. Caso contrário, o pescador corre o risco que sua “experiência” se resuma apenas a um acúmulo de anos e não a um verdadeiro conhecimento da pesca esportiva.
Existem algumas certezas que os pescadores profissionais compartilham:
- muitos peixes conseguem distinguir as cores e a luz ultravioleta (UV);
- a escolha da cor da isca é uma arte, não uma ciência exata;
- a escolha do modelo e da cor da isca é fundamental;
- é preciso sempre ter várias opções em sua caixa;
- deve-se escolher a cor em função do peixe e das condições de pesca, sendo a cor/turbidez da água um item de grande importância nessa escolha;
- sempre corremos o risco do peixe não fisgar, apesar de nossas habilidades.

Essa “leitura” correta da isca é tão importante quanto a do pesqueiro, das condições de pesca e do resto do equipamento. Boa parte do interesse da pesca esportiva com iscas artificiais reside nesse “jogo”, nessa possibilidade de empregar sua “arte”, as habilidades do pescador no duelo com o animal. Aliás, a margem de progressão é imensa, tendo em vista as diferentes modalidades e espécies que existem, em condições que variam muito.

Os tipos de cores

Alguns especialistas dividem as cores em duas categorias: as “incitativas” (ou “provocativas”) e as “imitativas”. As incitativas seriam aquelas que provocam o peixe, como a Fire Tiger, por exemplo. As imitativas são aquelas, mais realistas, que imitam as cores naturais de algumas presas que vivem no habitat de um determinado peixe.  Em algumas circunstâncias, a mesma isca pode ser interpretada por um predador com incitativa e por outro, como imitativa, caso da citada isca Fire Tiger, que pode ser "um predador barulhento" (incitativa) ou "um pequeno Tucunaré" (imitativa).

Cor imitativa da isca Fury Articular 130mm da Poseidon

Cor provocativa (e imitativa) da isca X-Tiger da Poseidon

O que mais importa é adequar a cor às condições de pesca, à espécie, principalmente ao comportamento do peixe naquele dia, trocando de isca, testando as cores, profundidade, técnicas de nado e, ao mesmo tempo, analisar em que momento essas mudanças estão dando resultado. O pescador é como um detetive que deve “ler” as pistas sugeridas pelo predador e pelas condições de pesca, a partir de seu conhecimento.
Eis, logo abaixo, uma tabela que aponta cores que tendem a funcionar, conforme as condições climáticas e da água. Devemos alertar que não são regras absolutas, mas apenas indicações, conforme a experiência de muitos pescadores.

TABELA DE CORES CONFORME MEIO E TEMPO

Água clara
Água turva
Pôr do sol ou Aurora
Todo tempo
Tempo claro
Cores claras:
Branco, prateado, cromado, cinza (cor mais natural possível)
Cores mais escuras:

Roxo,
laranja, verde, azul
Cores muito escuras ou muito claras:

Preto, branco, fosforescente
Branco/ Osso
Tempo nublado
Cores mais escuras:

Roxo,
laranja, verde, azul
Cores escuras:
Azul, verde, preto
Preto, branco, fosforescente
Branco/ Osso
Água fria
Cores frias:
Azul claro, verde claro, prateado, cromado
Cores mais escuras:

Roxo,
laranja, verde, azul
Preto, branco, fosforescente
Branco/Osso
Água quente
Cores quentes:
Amarelo, laranja, vermelho
Cores escuras:
Azul, vermelho, verde, preto
Preto, branco, fosforescente
Branco/ Osso

A água modifica a percepção das cores!

Como já vimos, para o olho do peixe, o contraste é mais importante do que o detalhe. É por isso que as iscas chamadas “cabeça vermelha” são tão empregadas. Pelo mesmo motivo, as cores das iscas em geral tendem a marcar nitidamente fortes contrastes. Não significa que as cores imitativas não sejam eficientes, pois estas podem ser um trunfo quando se pretende imitar as presas que vivem no habitat do predador que o pescador pretende apanhar.
A luz visível é outra questão fundamental. Onde as cores são de extrema importância em nosso meio, abaixo da superfície da água, as cores do espectro visível são rapidamente filtradas com o aumento da profundidade ou são alteradas pelo meio aquático. Com a atenuação das cores, o que resta são tons de cinza que podem ser o motivo pelo qual o peixe é tão sensível ao movimento e ao contraste.
Iscas de superfície: não há necessidade de cores realistas, sobretudo, com tempo ensolarado, já que a luminosidade pode dificultar a visão do peixe. Iscas do tipo popper ou hélice, entre outras, produzem muito movimento, vibração e barulho, esborrifando água com seus sistemas de cabeça côncava ou suas hélices.
Iscas de meia-água e shallow runner: de corpo rígido, geralmente em ABS, evoluem entre 20cm a 2m. Os detalhes ainda aparecem e a escolha das cores é, portanto, fundamental.
Iscas de profundidade: quanto maior a profundidade, mais a percepção das cores muda. O vermelho, por exemplo, evolui para laranja a partir dos 5 metros de profundidade e do laranja para um tom de marrom aos 12 metros. O amarelo se torna cinza esverdeado a partir dos 25m. É preciso lembrar disso ao usar shads com cores provocativas para pescar além dos 15-20 metros. Para complicar as coisas, a percepção muda também conforme a opacidade da água. As cores vivas como, laranjas, amarelos, vermelhos ou verdes permanecem visíveis em água turva, ao contrário das cores mais claras.

Tempo claro/Isca clara, Tempo escuro/Isca escura

Eis a regra que numerosos pescadores compartilham. Parte-se do princípio que peixes que atacam por baixo, com tempo ensolarado, distinguem mal uma isca escura sobre o fundo do céu claro, enquanto uma isca clara aparece com nitidez. Tentem fazer um experimento! Coloquem uma isca escura e uma clara na frente de uma lâmpada acesa para melhor entender a percepção do peixe. Ao contrário, com tempo nublado ou ao pôr do sol, uma isca escura se distinguirá melhor sobre o fundo escuro do céu para um peixe que sobe para atacá-la.

Alguns efeitos especiais das cores

O efeito do sangue: Não se trata aqui de uma ciência exata, mas uma mancha vermelha na garganta, na cabeça ou nas penas (teaser) de uma isca artificial, que simulam um peixe que está sangrando, poderia estimular o predador.
Os efeitos de transparência, comuns na natureza, teriam sua eficiência justamente na ausência de cor o que não facilita a tarefa de localizar a presa e deixa o predador muito irritado.
O efeito “espelho”: com tempo claro, uma placa no interior da isca reflete a luz de uma forma muito eficiente.
O efeito glitter aplicado com frequência em iscas de silicone parece curioso para o olho de um pescador iniciante, mas na verdade esse efeito procura imitar o brilho das escamas de alguns peixes.
O efeito holográfico e 3D: o princípio é o mesmo, quando a luz natural bate na superfície da isca, o prisma gravado a laser separa as cores que formam a luz, dividindo-a em um espectro multicolor. A isca produz então flashes muito próximos de um peixe verdadeiro.

Últimas considerações sobre as cores

O resultado do emprego de uma cor depende também da voracidade do predador. Em momentos em que o peixe é muito voraz, atacará praticamente tudo que passar na sua janela de ataque. Pode ocorrer, portanto, que uma isca “incitativa” funcione em água clara com tempo ensolarado e vice versa.
Ao contrário, depois de uma frente fria e em determinadas situações, o peixe pode se tornar manhoso e não atacar nenhuma isca, apesar das mudanças de cores. Nessas condições, vale a pena variar diferentes modelos e tamanhos de iscas. Como vimos no capítulo quatro, neste caso, a isca articulada se torna então um trunfo porque passa lentamente na janela de ataque do peixe inativo, com um nado natural que produz muitas vibrações e barulho: presa fácil por não exigir muitos esforços por parte do predador.
Vale também lembrar a vantagem do tratamento UV e da película holográfica para aumentar o poder de atração e a visibilidade das iscas, já que o peixe tem uma visão peculiar e o meio aquático altera as cores depois dos 5 metros de profundidade e em água turva. Para saber mais sobre a luz ultravioleta e os efeitos holográficos, basta consultar os dois primeiros capítulos sobre tecnologia em iscas artificiais.
Restam muitas dúvidas que necessitarão de pesquisas mais sérias, tais como, por exemplo, se o peixe é capaz de se adaptar às cores das iscas em locais nos quais há uma grande pressão por parte da pesca esportiva. Conforme afirmam alguns pescadores, os peixes estariam se acostumando a detectar as iscas “incitativas”, inclusive a famosa “cabeça vermelha”, o que faria com que estas não dêem resultados tão bons quanto as “imitativas” nestes locais.
Lembrem-se! Desde 1653, data da primeira isca artificial (em forma de peixe) conhecida no Ocidente, o objetivo têm sido o mesmo, criar iscas que imitam presas ou provoquem os predadores, para enganar o peixe e fisgá-lo. Basta-nos lembrar de soltar o peixe logo após a foto, respeitando algumas regras básicas para a soltura do animal.
Pratiquem o pesque e solte e tenham ótimas pescarias!

Equipe Poseidon Brasil
Consultor Técnico: Sr. Adão da Floripesca
www.loja.poseidonbrasil.com.br
www.poseidonbrasil.com.br
http://www.youtube.com/user/PoseidonBrasilPesca

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Vamos discutir temas gerais sobre a pesca esportiva e muitas dicas. Abraços para todos Djalma